Ler Gabriel Garcia Marques despertou em mim a vontade de
conhecer a Colômbia. Pensava em ir um dia pra passar uns dias. Ir às praias,
tomar o melhor café do mundo e aprender dançar salsa.
Quando minha universidade abriu o programa de mobilidade
acadêmica para Colômbia, pensei "por que não?". Fiz minha inscrição
sem saber muito sobre o país e sem saber nada sobre Barranquilla, cidade onde
residiria. Ao passar, algumas pessoas bem intencionadas, mas não bem
informadas, me aconselharam não ir pelo perigo que corria num país marcado pelo
narcotráfico e guerrilhas. Mas a curiosidade era maior que o medo e o frio na
barriga mais forte que o arrepio na alma. Por morar numa país também marcado
pela violência, eu estava ciente de que os esteriótipos nem sempre condiz com a
realidade e que os preconceitos nem sempre tem razão de ser. Fui pra Colômbia
para desconstruir, para descobrir o que há além das histórias que ouvimos e
para conhecer um pouco mais da América Latina.
Ao chegar em Barranquilla, a primeira coisa que senti foi o
calor forte do qual nunca me acostumei, mas que sinto falta em dias como hoje
que fez 5 graus de madrugada. Na rodoviária, fui recebida por um membro da
Oficina de Relaciones Internacionales (ORI) da Universidad del Atlántico que me
levou até a casa onde eu moraria e, pacientemente, me falou sobre a cidade, a
universidade e a programação já preparada pela oficina para acolher e orientar
os intercambistas.
Eu tinha escolhido morar na casa de uma família colombiana
para saber mais da cultura e praticar o meu espanhol ainda muito pobre. Fui
recebida pela Olga com um abraço de mãe que tranquilizou meu coração já cheio
de saudades de casa. Conheci seus filhos, Isaac e Marianela que seriam como
irmãos pra mim e que tornariam meus professores mais fofos e rígidos, e a
Leidy, empregada da casa, que se revelou uma amiga incrível. No dia seguinte à
minha chegada, fui até a universidade onde estudaria no próximo semestre e onde
encontraria pessoas com o coração maiores do que elas mesmas, sempre muito
pacientes e dispostos a ajudar. Conhecer a ORI era minha maior curiosidade
porque eu queria descobrir o rosto das pessoas com quem estava, por email, me
comunicando há meses. E que alegria encontrar com rostos tão simpáticos e
receptivos que me revelaram o que a Colômbia tem de melhor: sua gente. A ORI
tinha um programa chamado Buddy que oferecia ao intercambista, a ajuda de um
aluno voluntário que o auxiliaria na integração. Foi Diana, minha buddy, a
responsável por me apresentar a universidade, me ensinar a locomover em
Barranquilla e oferecer instruções sobre a vida costeña. Durante as aulas, meus
professores e colegas foram compreensíveis com minhas dificuldades no idioma,
sempre pausando a aula para me perguntar se eu estava compreendendo e/ou tinha
alguma dúvida. Também se revelaram muito amáveis ao me integrar e dar espaços
para que eu falasse como era a experiência brasileira nos temas abordados.
Os barranquilleros são muito gentis e alegres. Sempre
conversavam comigo com entusiasmo e sempre se decepcionavam quando eu dizia que
não sabia sambar, sobretudo por Barranquilla ser a cidade do carnaval.
Dança nunca foi meu forte, justificava.
Ao fim do semestre, eu tinha aprendido a me locomover,
compreender costeñol e comer sopa antes do almoço mesmo com o calor de 42
graus. Todos meus esforços para aprender dançar salsa e toda dedicação dos meus
amigos em me ensinar foram em vão. Mas eu realizei meu sonho de conhecer belas
praias e tomar o melhor café do mundo.
Nada disso, entretanto, teriam o mesmo valor se não fossem
as pessoas que encontrei no caminho e que despertaram em mim a alteridade, a
empatia e o amor que, aqui ou ali, é o que dá sentido às nossas vidas.
¡Gracias por todo, Colombia! ¡Te quiero mucho!
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